O economista-chefe da consultora Eaglestone considera que a situação económica em Angola está “claramente melhor que há um ano” e que os esforços do Governo para melhorar a imagem do país estão a resultar. Vamos contar aos 20 milhões de pobres que a situação está “claramente melhor do que há um ano”. Quanto à imagem, isso chama-se vender gato por candimba.
“É consensual que o último ano foi muito importante para Angola, tem ganho cada vez mais protagonismo a nível internacional, os esforços do novo Governo para melhorar a imagem do país a todos os níveis claramente ajudam a que os investidores estrangeiros vejam com outros olhos e aumentem o seu apetite por investir no país, e isso é claramente positivo”, disse Tiago Dionísio à Lusa, quanto questionado sobre a evolução económica do país desde que João Lourenço (durante anos ministro de José Eduardo dos Santos) tomou posse como Presidente de Angola.
“Em 2018 Angola já deverá registar algum crescimento económico, ainda que modesto quando comparado com os anos a seguir à guerra, mas a tendência será de melhoria da situação económica, e os esforços de diversificação económica farão com que as perspectivas melhorem, mas isto não acontece de um dia para o outro”, vincou o analista.
E não acontece mesmo. Há 43 anos que o MPLA anda a diversificar a economia e os resultados ainda não se vêem. Mas, é claro, os consultores conseguem sempre ver o que o comum dos mortais não enxerga. Então quando as consultores trabalham, ou querem trabalhar, com o Governo… até conseguem ver um elefante a passar pelo buraco de uma agulha, se essa for a tese de quem encomenda.
Recorde-se que Pedro Neto é o CEO e fundador da Eaglestone. Tem mais de 20 anos de experiência no sector financeiro, tendo sido responsável por projectos de investimento num montante global superior a 50 mil milhões de euros, nos 5 continentes.
Antes de lançar a Eaglestone, foi Vice-Presidente da Comissão Executiva do Espírito Santo Investment Bank, tendo sob sua responsabilidade, durante 11 anos, a Direcção de Project Finance. Foi igualmente Chief Investment Officer da Escom (empresa ex-subsidiária do Grupo Espírito Santo, com um vasto portefólio de actividades na região Subsariana com especial enfoque em Angola).
Foi CEO da ES Concessões, uma companhia que centraliza as participações financeiras do Grupo Banco Espírito Santo nas concessões de infra-estruturas, e membro do conselho de supervisão da Ascendi. Foi ainda Administrador Executivo do BES Oriente e Administrador Não Executivo do BES Investimento Brasil e do BES Angola.
“Não espero que vejamos em Angola crescimentos de 5% nos próximos dois ou três anos, mas o caminho tem sido positivo no último ano e a situação está claramente melhor face ao que estava há um ano”, acrescentou Pedro Neto.
Sempre atento, o economista-chefe da Eaglestone considerou, em Maio, que este é o momento adequado para Angola estancar a subida da dívida pública dos últimos anos, aproveitando o financiamento internacional, as reformas internas e o apoio do FMI.
“Acreditamos que esta é a altura certa para Angola lidar com a subida dos níveis da dívida pública dos últimos anos”, escreveu Tiago Dionísio numa nota de análise à emissão de três mil milhões de dólares em dívida pública.
“A actual agenda reformista do Governo e o anúncio de que o país chegou a um acordo não financeiro com o Fundo Monetário Internacional [FMI] são passos na direcção certa”, considerou o economista.
Para Tiago Dionísio, “o facto de os preços do petróleo estarem bem acima da estimativa de 50 dólares por barril impressa no Orçamento para este ano e de uma grade parte da dívida do país ser em dólares são um claro bónus para os esforços de consolidação orçamental”.
A 6 de Abril, mas de 2016, este mesmo especialista considerou que o pedido de ajuda externa de Angola (então em pleno consulado de José Eduardo dos Santos) ao Fundo Monetário Internacional “traz mais credibilidade aos esforços” do Governo de Luanda para diversificar a economia.
“A implementação de um programa com o apoio do FMI traz mais credibilidade aos esforços que autoridades Angolanas estão a desenvolver no sentido do país reduzir a sua dependência do petróleo”, disse Tiago Dionísio.
O economista chefe da consultora Eaglestone, especializada em mercados africanos e com escritórios também em Luanda, disse nessa altura que “a notícia não foi uma surpresa” e lembrou que “os desafios que Angola enfrenta devido à forte queda no preço do petróleo nos últimos quase dois anos são bem evidentes”.
Por isso, salientou, o país “não tem actualmente muitas opções senão diversificar a sua economia”, o que explica o pedido de ajuda externa ao FMI, que disponibiliza verbas à medida que as políticas vão sendo aplicadas.
Folha 8 com Lusa